terça-feira, 26 de junho de 2012

Tempestade




Boa chuva ontem. Bom começo de tempestade, não lá fora, eu falo aqui dentro de mim. Nada que eu não pudesse controlar, é claro, eu quase sempre não controlo, deixo ficar, passar, uma hora há de passar. Mas é que eu quase desisti de mim. Frase que pouco ouço, mas que muito vivencio. Desistir. Como seria desistir de si mesmo? 
Seria como: Largar o melhor dos melhores livros de romance que agora pouco estava lendo tomando um xícara de chocolate quente, a coisa que você mais gosta de beber no frio, se deitar, porque agora pouco você estava sentada tentando entender a história de amor desse casal meloso e patético. Nesse exato momento você liga a TV e está passando aquele filme daquela garota que se esquece todos os dias que conheceu um cara incrivelmente perfeito. E você chora, porque é injusto. Foi tudo tão injusto. Ela poderia muito bem se lembrar só dele, mas aí o filme acaba com você cheia de lágrimas no rosto e nem se quer sabe o que significa aquela tempestade lá fora. Você ao menos sabe por que aquela tempestade invadiu seu peito e agora dói como se um faca atravessasse todo o seu corpo. 
Você não tem mais nada o que fazer e continuadamente chora. Fraca. Mas de repente há um arco íris, você acaba não o vendo, mas sabe que a chuva agora está ficando cada vez mais fina, rala, e acaba. O arco-íris, lindo, e você se sente tão fraca que nem se quer consegue olhar para cima. E é aí que você percebe. Você desisti. 
Como se não houvesse amanhã, ou pelo menos, como se amanhã fosse o último dia de sua vida, talvez o último de de todas as vidas, e você é a única pessoa que quer descansar nesse dia. Como se a dor de um passado vulnerável à lembranças tomasse toda a sua energia. Você se sente mal. Isso é fato? Que seja. 
Se levanta, abaixa a cabeça e olha para a janela. Daqui eu consigo ver o arco-íris, é realmente lindo. A tempestade passou, e dentro de você a uma mágoa que não quer passar. Aquele livro que estava no chão, aquela história do casal patético te faz transcender memórias boas. Você se arrepende de tê-lo jogado no chão, pois é a única coisa que realmente vai te fazer chorar mais um pouco e logo em seguida abrir um sorriso, como quase todas as histórias de amor, eles ficam juntos no final. Claro.       

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