Conta pra ele que sentiu vontade de zerar o jogo só que não
conseguiu. Conta que chegou até a metade, mas não conseguiu continuar. Conte a
verdade. Se resquícios de histórias com finais fosse bons você não estaria aí
desse lado, menina. E quando você se apagar de novo, vai lembrar de novo, seja
nos sonos que seus sonhos são mais que isso, são pesadelos. Mas se toda vez
você tentar zerar o jogo, se toda vez quiser impedir o destino, não vai
conseguir chegar ao final dessa história, se é o que pretende menina.
Conta pra ele às vezes que seu travesseiro reclamou das
manchas pretas que surgia por causa do seu rímel que borrou o pobre coitado,
nem culpa ele teve. Nunca tivera. Mas conta também porque não tirou sua
maquiagem nessa noite. Nessa e em outras tantas. Mostra pra ele sua pele frágil
e seus olhos como ficaram abandonados.
Conta por último à falta que fez, das noites que se foram,
dos beijos que ficaram em retratos, e mostra pra ele o vidro quebrado daquele
retrato que jogou no chão. Conta que se caso tente zerar o jogo outra vez, que
ele te impeça.
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